domingo, 21 de novembro de 2010

Círculo dos Ogãs: São Cristóvão Comemora o Dia da Consciência Negra Mostrando Fortes Laços com a África

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O dia 20 de novembro de 2010 teve uma digna celebração à consciência negra. Movidos pela necessidade de melhor conhecer comunidades com raízes na cultura africana em São Cristóvão o IPHAN, o Museu Histórico de Sergipe, a Prefeitura de São Cristóvão e Governo de Sergipe realizaram o Círculo dos Ogãs: Africanidade e Resistência em São Cristóvão.

Pela manhã a programação ocorreu na Igreja N. Sra. do Rosário dos Homens Pretos, igreja erguida em meados do Século XVIII para receber os negros praticantes do catolicismo. Lá foi celebrado um ato ecumênico, e logo após um estudioso descreveu elementos de africanidade na decoração da igreja.

No auditório do Museu Histórico de Sergipe houve mesa redonda. Na imagem, Aglaé Fontes fala ao público (Foto: Cleverton Silva, 2010).

Às 14h, a programação seguiu com mesa redonda coordenada por Thiago Fragata. As pessoas convidadas para debater o tema Africanidade e Resistência: Cultura, Direitos e Cidadania foram Aglaé Fontes (Sec. Municipal de Cultura e Turismo), Martha Costa (UFS), Reginaldo Flores (Oxogum Ladê), Fausto Valoir (Promotor do MP em Aracaju), Pedro Neto (Coordenador de Políticas Públicas para a Igualdade Racial do Governo de Sergipe) e representante do IPHAN.

Das discussões vieram a público dados muito importantes. O IPHAN apresentou resultados de uma reforma de sede de terreiro em Laranjeiras, município reconhecido por fortes traços da cultura africana. Trata-se da reforma da casa de Herculano, escravo vivente no século XIX que introduziu o culto Nagô na cidade. Como primeira sede do culto Nagô na cidade, a reforma do prédio foi possível graças aos recursos do IPHAN somados aos recursos obtidos pelas lideranças do culto através de projeto. Graças a este esforço, o culto continua a acontecer no local.

Martha Costa, da UFS, expôs comunicação demonstrando os percalços na trajetória da população negra em busca de aceitação e legitimação dos costumes da população negra na sociedade. O Promotor Fausto Valois, baiano mas que vive em Sergipe abordou situações do cotidiano, disse ter orgulho da sua cor e sua origem, uma família negra, muitos atuam no meio jurídico. O Promotor disse que em Salvador, importante berço da cultura afro-brasileira, já passou por casos de discriminação, e que a sociedade precisa, cada vez mais ser igualitária e menos preconceituosa. Fausto Valois disse ainda que, assim como a Igreja Católica fica isenta de alguns tributos, os cultos de matriz africana também possuem este direito. Vale lembrar, de fato, que o Estado Brasileiro é laico, ou seja, há a liberdade de culto e religião, bem como uma não se sobrepõe à outra em direitos ou deveres.

Fausto Valois durante exposição (Foto: Cleverton Silva, 2010).

Logo após, o Professor Reginaldo Flores, falou em nome do Oxogum Ladê, organização social local que age em parceria em várias iniciativas na cidade, inclusive na campanha da candidatura da praça, e que também age em ações de preservação dos cultos afro-brasileiros e em atividades ambientalistas. Remetendo à sua ancestralidade com líderes espirituais de raiz africana, Flores disse que o Oxogum Ladê é uma forma de honrar as suas tradições. Ao final, Pedro Neto, da Coordenadoria de Políticas de Igualdade Racial do Governo de Sergipe apresentou a estrutura do setor, algumas ações já desenvolvidas e disse que a estrutura está prestes a ser ampliada para melhor atender aos anseios da população negra, o seu público-alvo.

Na Praça São Francisco, patrimônio de todos, a africanidade mostrou a sua força em São Cristóvão  (Foto: Cleverton Silva, 2010).

Ao final da tarde, houve ainda o cortejo pelas ruas do Grupo Cultura da Senzala, batucando ao ritmo da música baiana. Na Praça São Francisco, foi feito o Círculo dos Ogãs, que encerrou o evento na Praça São Francisco, onde os participantes expressaram a força da sua cultura através de cantos e danças, apreciando ainda o belo luar que anunciou a noite na cidade. Houve ainda o lançamento da Exposição Arte In África, no Museu Histórico de Sergipe, que pode ser vista a partir de terça-feira (23-11).

Vejam algumas fotos abaixo:

Frontão da Igreja do Convento São Francisco (Foto: Cleverton Silva, 2010).

A Igreja, cruzeiro e nova iluminação (Foto: Cleverton Silva, 2010).

Na foto, Maria da Glória com filho nos braços e Marcelo Rangel, Secretário Adjunto de Estado da Cultura (Foto: Cleverton Silva, 2010).

Pose para a foto antes de voltar para casa (Foto: Sérgio Alex, 2010).

Cleverton Silva

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