segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

São Luiz do Paraitinga-SP, o seu patrimônio em ruínas e uma lição para São Cristóvão

Vista parcial do centro de São Luiz do Paraitinga antes da enchente, ao fundo a Igreja Matriz (foto: divulgação).

O ano 2010 começa de forma assustadora em alguns Estados da Região Sudeste e a imprensa nacional se volta para os desastres provocados pelas chuvas no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. A Capital paulista há dias vem sendo assolada pelas enchentes, mas o interior também sofre com as chuvas e o problema criado pelas enchentes e pela omissão das autoridades na prevenção e mitigação dos impactos ambientais nas zonas urbana e rural.

Navegando rapidamente na internet para obter informações, vemos a triste situação de São Luiz do Paraitinga, cidade que se oferece como produto turístico e divulga as suas potencialidades (clique aqui para mais informações sobre a cidade). O rio Paraitinga teve uma elevação estimada em 10 metros e causou a enchente do centro histórico, algumas pessoas comentam que o rio tem uma barragem e que há uma possível relação entre ela a enchente (acompanhe aqui uma matéria de Luis Nassif com depoimentos da comunidade).

Diante desta catástrofe numa cidade paulista, distante mas com algumas semelhanças em relação a São Cristóvão, como o seu potencial turístico cultural, ecológico e um agitado carnaval, fica para nós sancristvenses uma importante lição: não basta apenas fazer a manutenção de prédios tombados e promover turisticamente uma cidade, mas sim cuidar dela com responsabilidade e visão sistêmica. Aqui em São Cristóvão, o rio Paramopama assola apenas a parte baixa da cidade quando ocorrem as suas enchentes, poupando a parte alta graças ao modelo urbanístico acropolitano adotado pelos colonizadores que fundaram a Cidade de Sergipe Del Rey e a situaram no Monte Una por volta de 1607, situação que dificulta os riscos ao patrimônio arquitetônico da cidade, tombado pelo IPHAN e que pode vir a se tornar Patrimônio da Humanidade em junho deste ano.

Voltando à situação da cidade paulista, ontem, 3 de janeiro de 2010, a Igreja Matriz veio abaixo devido à enchente, que invadiu várias casas e obrigou seus habitantes a abandonarem as residências (veja aqui o momento do desmoronamento da igreja). Compare o antes e o depois a partir da foto e do vídeo. A população de São Luiz do Paraitinga vive uma grande situação de perda, individual e coletiva, pois só restarão lembranças dos bons momentos nas ruas, praças ou nestas construções danificadas pela enchente. Torçamos para que a população tenha forças e reconstrua o que puder, e que não passe novamente por este momento ruim.

Nos últimos 2 anos aqui em Sergipe, Estância, Maruim e Laranjeiras também viveram momentos semelhantes de enchentes. A ameaça das enchentes demonstra a importância do planejamento urbano e da forte vigilância da população ao cumprimento dos Planos Diretores dos nossos municípios. São Cristóvão ganhou o seu Plano Diretor em 2009 e ficou mais próximo do título da UNESCO, pois esta foi uma das exigências cumpridas pelo Município e o Estado para a chancela.

Fiquemos vigilantes e façamos o possível para tornar impossível que aconteça a São Cristóvão algo semelhante ao que aconteceu a São Luiz do Paraitinga. Sejamos também solidários à população da cidade paulista que sofreu um forte abalo na sua memória em pleno início do ano.

Cleverton Silva.

4 comentários:

  1. Lindo o seu cantinho . Estarei sempre por aqui. Adoro Maranhão, se pudesse e meu dinheiro desse iria morar nesta cidade tão rica culturalmente.
    Obrigada pela visita e pelo seu carinhoso comentário.
    Volte sempre, FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... terá sempre uma história para te contar.
    Saudações Florestais !
    http://www.silnunesprof.blogspot.com

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  2. Desculpa, pensei que estava escrevendo sobre São Lis no Maranhão. Eu estou sem óculos e não estou podendo ler no computador . Falha nossa "

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  3. Ótimo post Cleverton! São Luis fica a algumas cidades da minha e a situação lá é critica, as cidades da região estão ajudando com tudo o que podem, alimento, roupas, o abastecimento de agua lá esta racionado (dias para consumo, dias para uso domestico nos abrigos, onde estão a maioria das familias), de modo que é outra doação primordial, além de voluntários para limpar a cidade, que era a nossa "Ouro Preto paulista" e ficou praticamente devastada em escombros e lama, foi uma perda imensa, não só para a história, mas para os futuros visitantes, que como eu (q pretendia ir à cidade esse ano contemplar o acervo historico de casarões) nunca mais verão boa parte do que a cidade preservava. Sem contar que a destruição irá prejudicar a maior fonte de renda dos habitantes locais, bem na época de inicio de ano, onde o carnaval de marchinhas (janeiro/fevereiro) era o evento do ano na cidade e atraia um numero de turistas as vezes 10x maior q o nº de moradores. Sem duvida, uma perda sem tamanho.

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  4. Pois é, Verônica. Também lamento muito por essa perda. Acredito que todos nós, brasileiros e brasileiras com um mínimo de sensibilidade em relação ao patrimônio arquitetônico, assim como por outros aspectos socioambientais, sentimos um pouco da agonia vivida pelas comunidades da região de São Luiz do Paraitinga. Muito obrigado pelo seu relato e pelos elogios à minha matéria. Desejo que este ímpeto da população em reconstruir a cidade gere bons frutos e preceda dias melhores, e que estas pessoas tão concentradas nesta missão sejam um grande exemplo de mobilização para a nossa sociedade. Abraços, querida amiga paulista!

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